O íris da cor

NÃO SEI.
SE ME PERGUNTARES
POR ONDE ANDA
A ÍRIS DA COR,
DIREI QUE POR ENTRE AS MONTANHAS ELA SE ESCONDE
E SEUS OLHOS SE EMBRIAGAM DE LÁGRIMAS E TORMENTOS.

SE ME PERGUNTARES
COMO CHEGAR AO ÍRIS DA COR,
NÃO SABEREI
COMO PINTAR
AS CORES QUE FALAM DELE,
COMO DESENHAR
AS PALAVRAS RECEOSAS E INSANAS POR PRAZER,
NEM COMO NAUFRAGAR
AS CORES QUE, AINDA, NÃO CABEM EM MIM.

E SE ME PERGUNTARES
O QUE FAREI, ENTÃO, DAS CORES,
CONTAREI, PORTANTO, QUE ELAS DORMEM AFLITAS, SOLITÁRIAS
E CHORAM AO ENTARDECER
PORQUE TEMEM AS ÁGUAS DE MARFIM
QUE DESÁGUAM NA CACHOEIRA DA VIDA,
AINDA CRISTALINA
DESFAZENDO-SE EM ESTRELAS
AO ANOITECER.

MAS NÃO ME PERGUNTES,
JÁ FUI ALÉM DO ARCO-ÍRIS,
ATRAVÉS DELE
ME DESENHO UM CAMINHO
CONVULSIVO DE AMORES
ILHA DE DORES
NO ÍRIS DA COR.

NO DESENHO ME FAÇO
COMO ÍRIS NOTURNA
BORBOLETA DIURNA
EM CÍRCULO CROMÁTICO,
LAMBENDO AS CORES, SEM TEMORES,
ENTRE JARDINS.

(Este poema poderá ser lido de baixo para cima)